AMBN
03-02-07, 17:20
Pessoal,
Li um artigo interessante na revista Carro deste mês e gostaria de compartilha-lo com vcs. Na reprodução abaixo, vcs veram que exclui alguns trechos que julguei desinteressantes. Em algumas passagens, por ex., o autor contava a história do filme "A Fantástica Fábrica de Chocolates", do Johnny Depp. Acho que todo mundo viu esse filme, n é mesmo?
Bom, vamos ao artigo. Nele, o autor aponta que os projetos dos dois carros mais vendidos no país datam da década de 80 e que, desde os respectivos lançamentos até os nossos dias, ambos evoluíram pouquissimo. E mesmo assim, continuam sendo os mais vendidos.
Acho irrelevante a explicação do autor para esse fenomeno, e nem acho que vale a pena discutir isso. O que mais me chamou a atenção foi o fato de que no mercado de motos o comportamento dos consumidores é exatamente o mesmo. Modelos cujos projetos são antigos são os que mais vendem. As montadoras, por não terem que fazer nenhum esforço pra alterar seus produtos, maximizam absurdamente os seus lucros e o mercado fica feliz da vida, inconciente de que tem empresário se dando bem pra caramba com o conformismo do mercado.
Pois é, time que está ganhando a gente não mexe. Baseados nesse ditado popular, mercado e consumidores sustentam uma situação que só têm a beneficiar os empresários, que podem tranquilamente abandonar investimentos na evolução dos seus produtos e aplicar sua grana apenas na eficiencia do processo produtivo, e só. Quanto mais eficiente e mais rápido, mais lucros eles terão. Investir em tecnologia? Pra q? Um mercado pouco exigente não precisa disso. Mais vale realizar esse lucro e continuar produzindo a mesma coisa, cada vez mais rápido.
Artigo - Os carros de Willy Wonka
Por Sérgio Quintanilha - Revista Carro No. 160 - Fevereiro de 2007 - Ed. Motorpress
Dos quatro carros mais vendidos no Brasil, dois são projetos de 20 anos e tantos anos atrás? O Volkswagen Gol e o Fiat Mille. O primeiro está disponível em três versões 1.0, três 1.6 e uma 1.8, de R$ 24 080 a R$ 34 319. O segundo pode ser comprado em duas versões 1.0, de R$ 21 990 ou R$ 23 590. O carro da Volkswagen oferece motores de 71, 99 ou 106 cv de potência. O da Fiat tem um motor de 66cv. Juntos, eles venderam 304 265 unidades no ano passado. Quem são esses consumidores alheios à evolução dos automóveis? São os Oompa-Loompas tupiniquins!
Quem? Os Oompa-Loompas, aqueles seres pequenininhos, todos iguais na aparência, mas com distintas e previsíveis personalidades, que habitam a fábrica de chocolate de Willy Wonka. Claro que isso é uma parábola, pois os consumidores de Gol e Mille não são todos iguais como os Oompa-Loompas, mas parecem agir como se fossem, por culpa da falta de opção no mercado.
(...)
Para a Volkswagen e a Fiat, os mais de 300 000 consumidores fiéis ao Gol e ao Mille são Oompa-Loompas, fabricantes de lucros. Graças a esses estranhos seres que compram carros 0 km de 27 e 24 anos atrás, as duas montadoras já arrancaram com um faturamento anual de R$ 14 bilhoes, para ficarmos só nas duas versões mais baratas. (....)
Quanto preconceito! - dirão os críticos dessa crítica. Aí eu respondo: você continuaria comprando a revista carro se ela tivesse o mesmo padrão de 13 anos atrás? Para relembrar: 68 páginas, metade das folhas em preto e branco, papel offset, testes sem medições, fotos de divulgação, acabamento com grampo e capa sem verniz. Ok, mas o Gol e o Mille também evoluiram, certo? Nem tanto, para quem fatura R4 14 bi por ano. Resumindo, eu quero dizer o seguinte: se pretendem vender o Gol e o Mille numa faixa próxima ou superior a US$ 10 000, as montadoras poderiam fazer melhoramentos absolutamente significativos nesses carros. Mas, enquanto existirem os Oompa-Loompas, todo carro será bem-vindo se aparecer na lista de preços como o mais barato do Brasil.
(...) Os Oompa-Loompas certamente gostam da robustez do Gol, da simplicidade do Mille, da confiabilidade do Gol, do custo/benefício do Mille, etc. Então, onde diabos quero chegar falando dos vitoriosos Gol e Mille? Eu respondo: esotu apenas fazendo meu papel de Jornalista, enquanto as montadoras fazem o papel delas - ganhar o máximo de dinheiro possível em cada carro. E estão certas em fazê-lo. Por isso, o Gol tem motor longitudinal até hoje e o Uno continua com a aparência de 1983.
Li um artigo interessante na revista Carro deste mês e gostaria de compartilha-lo com vcs. Na reprodução abaixo, vcs veram que exclui alguns trechos que julguei desinteressantes. Em algumas passagens, por ex., o autor contava a história do filme "A Fantástica Fábrica de Chocolates", do Johnny Depp. Acho que todo mundo viu esse filme, n é mesmo?
Bom, vamos ao artigo. Nele, o autor aponta que os projetos dos dois carros mais vendidos no país datam da década de 80 e que, desde os respectivos lançamentos até os nossos dias, ambos evoluíram pouquissimo. E mesmo assim, continuam sendo os mais vendidos.
Acho irrelevante a explicação do autor para esse fenomeno, e nem acho que vale a pena discutir isso. O que mais me chamou a atenção foi o fato de que no mercado de motos o comportamento dos consumidores é exatamente o mesmo. Modelos cujos projetos são antigos são os que mais vendem. As montadoras, por não terem que fazer nenhum esforço pra alterar seus produtos, maximizam absurdamente os seus lucros e o mercado fica feliz da vida, inconciente de que tem empresário se dando bem pra caramba com o conformismo do mercado.
Pois é, time que está ganhando a gente não mexe. Baseados nesse ditado popular, mercado e consumidores sustentam uma situação que só têm a beneficiar os empresários, que podem tranquilamente abandonar investimentos na evolução dos seus produtos e aplicar sua grana apenas na eficiencia do processo produtivo, e só. Quanto mais eficiente e mais rápido, mais lucros eles terão. Investir em tecnologia? Pra q? Um mercado pouco exigente não precisa disso. Mais vale realizar esse lucro e continuar produzindo a mesma coisa, cada vez mais rápido.
Artigo - Os carros de Willy Wonka
Por Sérgio Quintanilha - Revista Carro No. 160 - Fevereiro de 2007 - Ed. Motorpress
Dos quatro carros mais vendidos no Brasil, dois são projetos de 20 anos e tantos anos atrás? O Volkswagen Gol e o Fiat Mille. O primeiro está disponível em três versões 1.0, três 1.6 e uma 1.8, de R$ 24 080 a R$ 34 319. O segundo pode ser comprado em duas versões 1.0, de R$ 21 990 ou R$ 23 590. O carro da Volkswagen oferece motores de 71, 99 ou 106 cv de potência. O da Fiat tem um motor de 66cv. Juntos, eles venderam 304 265 unidades no ano passado. Quem são esses consumidores alheios à evolução dos automóveis? São os Oompa-Loompas tupiniquins!
Quem? Os Oompa-Loompas, aqueles seres pequenininhos, todos iguais na aparência, mas com distintas e previsíveis personalidades, que habitam a fábrica de chocolate de Willy Wonka. Claro que isso é uma parábola, pois os consumidores de Gol e Mille não são todos iguais como os Oompa-Loompas, mas parecem agir como se fossem, por culpa da falta de opção no mercado.
(...)
Para a Volkswagen e a Fiat, os mais de 300 000 consumidores fiéis ao Gol e ao Mille são Oompa-Loompas, fabricantes de lucros. Graças a esses estranhos seres que compram carros 0 km de 27 e 24 anos atrás, as duas montadoras já arrancaram com um faturamento anual de R$ 14 bilhoes, para ficarmos só nas duas versões mais baratas. (....)
Quanto preconceito! - dirão os críticos dessa crítica. Aí eu respondo: você continuaria comprando a revista carro se ela tivesse o mesmo padrão de 13 anos atrás? Para relembrar: 68 páginas, metade das folhas em preto e branco, papel offset, testes sem medições, fotos de divulgação, acabamento com grampo e capa sem verniz. Ok, mas o Gol e o Mille também evoluiram, certo? Nem tanto, para quem fatura R4 14 bi por ano. Resumindo, eu quero dizer o seguinte: se pretendem vender o Gol e o Mille numa faixa próxima ou superior a US$ 10 000, as montadoras poderiam fazer melhoramentos absolutamente significativos nesses carros. Mas, enquanto existirem os Oompa-Loompas, todo carro será bem-vindo se aparecer na lista de preços como o mais barato do Brasil.
(...) Os Oompa-Loompas certamente gostam da robustez do Gol, da simplicidade do Mille, da confiabilidade do Gol, do custo/benefício do Mille, etc. Então, onde diabos quero chegar falando dos vitoriosos Gol e Mille? Eu respondo: esotu apenas fazendo meu papel de Jornalista, enquanto as montadoras fazem o papel delas - ganhar o máximo de dinheiro possível em cada carro. E estão certas em fazê-lo. Por isso, o Gol tem motor longitudinal até hoje e o Uno continua com a aparência de 1983.