Fábio Augusto
13-09-05, 23:51
Essa questão sobre polir ou não dutos de admissão e escapamento em motores é realmente muito discutida. A principal razão desta discussão é o argumento de que o polimento seria prejudicial, pois levaria o escoamento a se tornar laminar, prejudicando a emulsificação do combustível (o ato de o combustível se misturar ao ar, de forma a perder a característica de gotinhas dispersas e passar a se comportar como um gás, compondo a mistura). E parece um argumento sólido.
Por outro lado, os defensores do polimento argumentam que ele torna o escoamento laminar, permitindo maior vazão. Mesmo com o desperdício de combustível pouco emulsificado, isso se justificaria pela possibilidade de contornar a perda de capacidade energética (devido à menor eficiência de queima de uma mistura pouco emulsificada), aumentando a quantidade de combustível na mistura. Isso aumenta -- em termos estatísticos -- a quantidade de combustível queimado, apesar do desperdício. Mas, quando o que se quer é potência, tudo é válido. Este parece também outro sólido argumento.
Tudo não passaria de uma questão de escolha entre ter mais potência, desperdiçando combustível, ou ter menos potência, com maior eficiência. O fato é que ambos os argumentos estão errados e essa discussão é, de certa forma, infundada e desnecessária.
Ambos estão errados porque são baseados em uma suposta laminaridade do escoamento no interior dos dutos de admissão do motor, mas isso está longe de ocorrer. O escoamento dento de um coletor é de alta velocidade em um duto com muitas curvas e acidentes -- borboletas, sensores, difusores. Além disso, é um escoamento pulsado, devido à abertura e fechamento das válvulas, ou seja, nem de longe tem chance de ser um escoamento tranqüilo, como é exigido para se formar um fluxo laminar.
Mas uma coisa é verdade: realmente são observados ganhos de potência quando se faz o polimento dos dutos, assim como é observado desperdício de combustível nesta prática. Então, como podem ser as conclusões corretas mas a argumentação errada?
As conclusões são baseadas em observações e medições, por isso estão corretas. Mas a explicação para o que é observado independe disso. Então cabe perguntar: qual a explicação real? O ganho de potência observado quando se faz o polimento dos dutos é devido ao aumento de seu diâmetro com o polimento. Mesmo um aumento discreto, de 1 mm ou 2 mm no diâmetro destes dutos, faz uma boa diferença na capacidade de fluxo. Como se vê, nada tem a ver com escoamento laminar.
Mas, se o escoamento não é laminar, então a emulsificação do combustível permanece normal: portanto, de onde vem a queda de eficiência que provoca o desperdício de combustível? Ou, por que os fabricantes não fazem logo os dutos polidos? Bem, os fabricantes utilizam o diâmetro dos dutos dimensionado conforme um compromisso entre as curvas de torque e potência e regimes de giros para aquele motor. Além disso, deixar as paredes dos dutos lisas seria caro e não teria função.
E mais -- e aí está a razão maior do desperdício de combustível: as rugosidades nas paredes dos dutos servem de trampolins para eventuais gotículas que tenham aderido à parede retornarem ao fluxo de mistura. Novamente, nada tem a ver com laminaridade do fluxo, mas provoca um desperdício de combustível, já que as gotas aderidas não chegarão à câmara no momento certo para queimar corretamente.
Outra componente da queda de eficiência é o aumento da quantidade e velocidade do fluxo (o motor ganha capacidade de giro), provocado pelos dutos de maior diâmetro -- todo escoamento mais rápido tem perdas maiores. No fim, chegou-se à mesma escolha: polir dutos e ter maior potência com maior desperdício, ou não polir e ter menor potência com mais eficiência.
Ao menos agora se sabem os reais motivos desta escolha. E fica liberado o preparador de ter que polir os dutos até parecerem espelhos. As ruguinhas do interior do coletor não fazem mal a ninguém e até ajudam -- o objetivo é aumentar o diâmetro dos dutos e não os deixar lisinhos.
Por outro lado, os defensores do polimento argumentam que ele torna o escoamento laminar, permitindo maior vazão. Mesmo com o desperdício de combustível pouco emulsificado, isso se justificaria pela possibilidade de contornar a perda de capacidade energética (devido à menor eficiência de queima de uma mistura pouco emulsificada), aumentando a quantidade de combustível na mistura. Isso aumenta -- em termos estatísticos -- a quantidade de combustível queimado, apesar do desperdício. Mas, quando o que se quer é potência, tudo é válido. Este parece também outro sólido argumento.
Tudo não passaria de uma questão de escolha entre ter mais potência, desperdiçando combustível, ou ter menos potência, com maior eficiência. O fato é que ambos os argumentos estão errados e essa discussão é, de certa forma, infundada e desnecessária.
Ambos estão errados porque são baseados em uma suposta laminaridade do escoamento no interior dos dutos de admissão do motor, mas isso está longe de ocorrer. O escoamento dento de um coletor é de alta velocidade em um duto com muitas curvas e acidentes -- borboletas, sensores, difusores. Além disso, é um escoamento pulsado, devido à abertura e fechamento das válvulas, ou seja, nem de longe tem chance de ser um escoamento tranqüilo, como é exigido para se formar um fluxo laminar.
Mas uma coisa é verdade: realmente são observados ganhos de potência quando se faz o polimento dos dutos, assim como é observado desperdício de combustível nesta prática. Então, como podem ser as conclusões corretas mas a argumentação errada?
As conclusões são baseadas em observações e medições, por isso estão corretas. Mas a explicação para o que é observado independe disso. Então cabe perguntar: qual a explicação real? O ganho de potência observado quando se faz o polimento dos dutos é devido ao aumento de seu diâmetro com o polimento. Mesmo um aumento discreto, de 1 mm ou 2 mm no diâmetro destes dutos, faz uma boa diferença na capacidade de fluxo. Como se vê, nada tem a ver com escoamento laminar.
Mas, se o escoamento não é laminar, então a emulsificação do combustível permanece normal: portanto, de onde vem a queda de eficiência que provoca o desperdício de combustível? Ou, por que os fabricantes não fazem logo os dutos polidos? Bem, os fabricantes utilizam o diâmetro dos dutos dimensionado conforme um compromisso entre as curvas de torque e potência e regimes de giros para aquele motor. Além disso, deixar as paredes dos dutos lisas seria caro e não teria função.
E mais -- e aí está a razão maior do desperdício de combustível: as rugosidades nas paredes dos dutos servem de trampolins para eventuais gotículas que tenham aderido à parede retornarem ao fluxo de mistura. Novamente, nada tem a ver com laminaridade do fluxo, mas provoca um desperdício de combustível, já que as gotas aderidas não chegarão à câmara no momento certo para queimar corretamente.
Outra componente da queda de eficiência é o aumento da quantidade e velocidade do fluxo (o motor ganha capacidade de giro), provocado pelos dutos de maior diâmetro -- todo escoamento mais rápido tem perdas maiores. No fim, chegou-se à mesma escolha: polir dutos e ter maior potência com maior desperdício, ou não polir e ter menor potência com mais eficiência.
Ao menos agora se sabem os reais motivos desta escolha. E fica liberado o preparador de ter que polir os dutos até parecerem espelhos. As ruguinhas do interior do coletor não fazem mal a ninguém e até ajudam -- o objetivo é aumentar o diâmetro dos dutos e não os deixar lisinhos.