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Ver Versão Completa : Cidadão ou Súdito??



Guigo
28-09-05, 22:09
Recebi por email...não sei se é verídico.

Alexandre Garcia


A Gazeta de Cuiabá - MT
13/09/2005
Alexandre Garcia*


O jornalista Alexandre Garcia, da sucursal da Rede Globo em
Brasília, assina um artigo publicado em vários jornais do Brasil
alertando seus leitores sobre o risco de se desarmar o cidadão.
Entre outros argumentos, Alexandre Garcia cita as armas entregues
na Campanha do Desarmamento que foram parar nas mãos de bandidos,
diz que não vê vantagem em desarmar pessoas de bem e defende
textualmente: "não vejo por que impedir o cidadão de exercer o
elementar direito da legítima defesa". Leia o artigo na íntegra.

Cidadão ou súdito?

Domingo cedo eu ia de táxi de Ipanema ao Aeroporto do Galeão e,
antes de entrar no túnel Rebouças, o motorista festejou: "Estamos
com sorte; o túnel está aberto" Ainda pela madrugada, o túnel
fechara mais uma vez, porque bandidos interrompem o tráfego para
roubar carros, armados de fuzis automáticos e metralhadoras.
Significativamente, o túnel passa abaixo dos pés do Cristo
Redentor. Na quinta-feira à noite, eu havia feito uma palestra no
Hotel Sheraton, em frente à favela do Vidigal, e até uma hora antes
não se sabia se a Avenida Niemeyer estaria bloqueada ou não pelos
tiroteios. Quando cobri a guerra no Líbano, em 1982, não imaginei
que iria encontrar situação semelhante na Cidade Maravilhosa, em
pleno século 21. E como reage o governo? Tentando desarmar as
pessoas de bem, que têm armas para sua legítima defesa.

Dos milhares de armas que as pessoas entregaram, algumas caíram em
mãos dos bandidos. Sabe-se de 83 dos melhores exemplares - algumas
já encontradas para confirmar a troca de mãos. Não se sabe do
resto. As velhas, enferrujadas, das viúvas, já passaram pelo rolo
compressor. Diz-se que as armas estão sendo recolhidas para que não
caiam nas mãos dos bandidos... Enquanto isso, em São Paulo, no
bairro chique de Itaim, quase 30 edifícios já foram assaltados sem
pressa. Os bandidos entram e ficam seis horas a vasculhar os
apartamentos, com a confiança de que não haverá reação porque,
afinal, as pessoas não têm armas para defender seus lares.. No meu
estado natal a gente aprende que se nos agachamos, alguém vai
acabar nos montando.

Não vejo problema em implantar o maior rigor no registro de armas.
Exame de equilíbrio emocional, de ficha policial e de adestramento
no manejo da arma são necessários. Mas não vejo por que impedir o
cidadão de exercer o elementar direito da legítima defesa. Além
disso, proibir venda de armas de nada vai adiantar, porque o
bandido não compra arma na loja, mas na ponta do tráfico.

Desarmar pessoas de bem não é vantagem alguma. O Estado precisa é
desarmar o bandido. Que, no Brasil, não toma armas das residências
das famílias mas dos quartéis do Estado. As outras vêm do exterior,
no contrabando. Vamos gastar 600 milhões de reais com o referendo.
E se esse dinheiro fosse aplicado em equipar e treinar policiais?

Pesquisa da semana passada mostra o pavor que impera nas capitais.
Em Belém, três em cada cinco famílias declaram viver em área
sujeita à violência ou vandalismo. No Rio, duas em cada cinco. O
índice menos ruim é o de Brasília: uma em cada cinco famílias
declara-se moradora de área de risco para a segurança. Vinte por
cento! Nosso índice mais baixo de violência deve ser parecido com o
do Iraque, onde todo mundo anda armado. Aqui se mata mais, sem
dúvida. Mais de cem por dia. Nessa guerra, em vez de desarmar o
atacante, tratamos de desarmar a vítima.

Vai nos restar o carro blindado, a grade nas portas e janelas, as
câmeras de big-brother orwelliano, a folha de pagamento dos
seguranças, o colete à prova de balas. E o medo. De que lado está o
Estado? Se quiser todos desarmados, que reforme a Justiça e a
polícia, para termos lei e segurança. Brasileiro com medo não é
cidadão; é súdito.


*Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

BrunoDias
29-09-05, 07:26
:clap: :<0>:

juliano125
29-09-05, 08:39
estou do lado dele tbm..