Cyber
03-09-11, 09:35
O primeiro brasileiro a correr na Ilha de Man (parte 2)
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Na primeira parte da entrevista (http://www.jalopnik.com.br/conteudo/o-primeiro-brasileiro-a-correr-na-ilha-de-man-parte-1), vocês conheceram um pouco da carreira de Rafael Paschoalin, piloto que será o brasileiro brasileiro a disputar o Tourist Trophy da Ilha de Man. Agora, é hora de conhecermos um lado mais graxeiro do projeto.
Ah, sim. A foto acima não é exibicionismo (note a frente em contra-esterço): é a forma como o Rafa entra no “S” do Senna. Ele usa e abusa do trail braking para apontar o nariz da moto para o ponto de tangência, principalmente nas freadas mais fortes. Tem um outro cara que faz isso muito bem, chamado Alexandre Barros…
Há diferenças de acerto entre uma regulagem para autódromo e para a Ilha de Man?
Boa pergunta. Os treinos ainda não começaram para valer, e teremos que descobrir todas as diferenças ao longo dos próximos meses. Para ajudar, o Autódromo de Interlagos fica fechado por muito tempo (thanks F1), e Londrina passa atualmente por um recapeamento. É um pouco complicado. Às vezes a ficha cai, estamos no Brasil: seria mais fácil eu me tornar um jogador de futebol (nota do editor: via de regra, pilotos são péssimos jogadores de futebol. Não acreditem nessa!). Voltando a falar sobre a moto, na Ilha o traçado é extremamente longo. São 60,7 km e 256 curvas por volta, a maioria de alta. Por isso, o principal é ter uma moto rápida de reta (as motos de 1000 cilindradas andam em média de 210 km/h, com picos de 340 km/h!), e segura para os saltos e oscilações, sem reações muito histéricas. O motor sofre bastante, é extremamente importante aumentar a capacidade do radiador e também proteger bem essa peça essencial.
E como fica a questão do combustível? Possui exatamente as mesmas especificações que temos aqui?
Não, e essa é mais uma dificuldade. Claro que a moto possui um sistema de injeção que pode ser manipulado, mas temos que avaliar tudo isso, para chegar lá com tudo o mais pronto possível. É mais um fator que irá devorar um tempo que não temos, já que levamos a nossa vida “normal”, com dia-a-dia, contas para pagar… Por outro lado, temos a opção de alugar uma moto lá, algo mais barato e mais fácil. Talvez mais seguro também. Mas estamos com vontade de fazer tudo com as próprias mãos, para que no final das contas, a recompensa espiritual seja ainda maior.
Agora, sobre pilotagem: como é possível “treinar” para um percurso tão longo e com trechos tão velozes? É possível memorizá-lo, ou ao menos, adotar referências dos trechos críticos?
Além dos treinos em autódromo, tenho que andar um pouco nas estradas brasileiras, desenvolver um percurso com a mesma distância e ver o quão difícil vai ser a memorização de tudo. Acredito que a melhor estratégia é decorar os pontos críticos, como: “nessa curva eu morro”, “nessa eu fico só paraplégico”, “ahh, essa tudo bem, devo quebrar apenas as duas pernas”! Brincadeiras à parte, acredito que esse é o ponto chave para voltar vivo. Tenho que enfrentar uma prova com mais ou menos uma hora de duração, andando a mais de 200 km/h entre muros, postes e pessoas, qualquer erro pode custar muito caro. É preciso ter noção do risco de morte iminente, não é como correr em um autódromo, cheio de áreas de escape.
The Spectacular T.T. (Crashes)(2of 4) IOM. TT (Isle of Man) Motorcycle Road Race (http://www.youtube.com/watch?v=AxHzwWndtvk#ws)
Do que você viu até agora, existe algum (ou alguns) trechos, condições ou situações que te preocupam?
Sim, todos! Assisto sempre um DVD que tenho de 2009. Tento decorar com a volta onboard parte do circuito. Esse vídeo acima também é bem interessante para mostrar o quão difícil é essa prova. E acreditem: o cara que cai no penhasco está vivo e deverá competir no ano que vem!
Entre hoje e até pouco antes de junho de 2012, quais são os passos que você e sua equipe darão, em termos de preparação, logística e afazeres?
Estamos na fase dos treinos. Estou praticando Motocross, que dá um bom condicionamento e pode ser feito sempre e tem um custo baixíssimo. Além disso, vamos começar com os treinos em pista, depois colocaremos em prática a estrada e no ano que vem, antes da ilha, temos que passar pela North West, que tem como principal agravante o modo “race” (disputa com outras motos) ao invés do modo “time trial” (tempo cronometrado) adotado no TT. No ano que vem pretendo visitar o local da prova antes, alugar uma bike de estrada e pedalar muito, para tentar memorizar um pouco mais as 256 curvas.
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fonte: jalopnik.com.br (http://www.jalopnik.com.br).
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Na primeira parte da entrevista (http://www.jalopnik.com.br/conteudo/o-primeiro-brasileiro-a-correr-na-ilha-de-man-parte-1), vocês conheceram um pouco da carreira de Rafael Paschoalin, piloto que será o brasileiro brasileiro a disputar o Tourist Trophy da Ilha de Man. Agora, é hora de conhecermos um lado mais graxeiro do projeto.
Ah, sim. A foto acima não é exibicionismo (note a frente em contra-esterço): é a forma como o Rafa entra no “S” do Senna. Ele usa e abusa do trail braking para apontar o nariz da moto para o ponto de tangência, principalmente nas freadas mais fortes. Tem um outro cara que faz isso muito bem, chamado Alexandre Barros…
Há diferenças de acerto entre uma regulagem para autódromo e para a Ilha de Man?
Boa pergunta. Os treinos ainda não começaram para valer, e teremos que descobrir todas as diferenças ao longo dos próximos meses. Para ajudar, o Autódromo de Interlagos fica fechado por muito tempo (thanks F1), e Londrina passa atualmente por um recapeamento. É um pouco complicado. Às vezes a ficha cai, estamos no Brasil: seria mais fácil eu me tornar um jogador de futebol (nota do editor: via de regra, pilotos são péssimos jogadores de futebol. Não acreditem nessa!). Voltando a falar sobre a moto, na Ilha o traçado é extremamente longo. São 60,7 km e 256 curvas por volta, a maioria de alta. Por isso, o principal é ter uma moto rápida de reta (as motos de 1000 cilindradas andam em média de 210 km/h, com picos de 340 km/h!), e segura para os saltos e oscilações, sem reações muito histéricas. O motor sofre bastante, é extremamente importante aumentar a capacidade do radiador e também proteger bem essa peça essencial.
E como fica a questão do combustível? Possui exatamente as mesmas especificações que temos aqui?
Não, e essa é mais uma dificuldade. Claro que a moto possui um sistema de injeção que pode ser manipulado, mas temos que avaliar tudo isso, para chegar lá com tudo o mais pronto possível. É mais um fator que irá devorar um tempo que não temos, já que levamos a nossa vida “normal”, com dia-a-dia, contas para pagar… Por outro lado, temos a opção de alugar uma moto lá, algo mais barato e mais fácil. Talvez mais seguro também. Mas estamos com vontade de fazer tudo com as próprias mãos, para que no final das contas, a recompensa espiritual seja ainda maior.
Agora, sobre pilotagem: como é possível “treinar” para um percurso tão longo e com trechos tão velozes? É possível memorizá-lo, ou ao menos, adotar referências dos trechos críticos?
Além dos treinos em autódromo, tenho que andar um pouco nas estradas brasileiras, desenvolver um percurso com a mesma distância e ver o quão difícil vai ser a memorização de tudo. Acredito que a melhor estratégia é decorar os pontos críticos, como: “nessa curva eu morro”, “nessa eu fico só paraplégico”, “ahh, essa tudo bem, devo quebrar apenas as duas pernas”! Brincadeiras à parte, acredito que esse é o ponto chave para voltar vivo. Tenho que enfrentar uma prova com mais ou menos uma hora de duração, andando a mais de 200 km/h entre muros, postes e pessoas, qualquer erro pode custar muito caro. É preciso ter noção do risco de morte iminente, não é como correr em um autódromo, cheio de áreas de escape.
The Spectacular T.T. (Crashes)(2of 4) IOM. TT (Isle of Man) Motorcycle Road Race (http://www.youtube.com/watch?v=AxHzwWndtvk#ws)
Do que você viu até agora, existe algum (ou alguns) trechos, condições ou situações que te preocupam?
Sim, todos! Assisto sempre um DVD que tenho de 2009. Tento decorar com a volta onboard parte do circuito. Esse vídeo acima também é bem interessante para mostrar o quão difícil é essa prova. E acreditem: o cara que cai no penhasco está vivo e deverá competir no ano que vem!
Entre hoje e até pouco antes de junho de 2012, quais são os passos que você e sua equipe darão, em termos de preparação, logística e afazeres?
Estamos na fase dos treinos. Estou praticando Motocross, que dá um bom condicionamento e pode ser feito sempre e tem um custo baixíssimo. Além disso, vamos começar com os treinos em pista, depois colocaremos em prática a estrada e no ano que vem, antes da ilha, temos que passar pela North West, que tem como principal agravante o modo “race” (disputa com outras motos) ao invés do modo “time trial” (tempo cronometrado) adotado no TT. No ano que vem pretendo visitar o local da prova antes, alugar uma bike de estrada e pedalar muito, para tentar memorizar um pouco mais as 256 curvas.
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fonte: jalopnik.com.br (http://www.jalopnik.com.br).