Na primeira trilha que fizemos com a DT reformada, chegamos até o início desta trilha, e devido à inclinação da descida, eu disse que não passaria por ali de jeito nenhum, e acabamos encontrando uma trilha mais light. Alguns meses depois, e um pouco de prática adquirida, e resolvemos encara-la. Fiz o trajeto usando o Google Earth como guia, criei uma rota e enviei para o GPS:
Início da trilha:
Abismo a seguir:
Na foto não dá pra ter noção da inclinação da descida, mas fiquei com a mão doendo de tanta força que fiz pra manter a moto em pé.
Mesmo numa descida, deu pra suar (e muito) a camisa
Era uma descida tão íngreme, que decidimos descer um pouco a pé pra analisar a situação... que ficava cada vez pior, e agora tinha certeza que seria impossível subir de volta (pelo menos para 2 trilheiros sem muita prática). Como estávamos no terceiro Waypoint, e quase metade do caminho, foi o momento de uma pausa para apreciar um biscoito Bono.
Minha bota tinha um pequeno furo, e como ainda eram 10 da manhã, resolvi poupa-las, para não ficar pisando em lama pelo resto do dia. Este trecho era com água até o joelho, e ia me sujar de qualquer maneira ...
Não é possível que vou descer isto de moto ... mas desci e sobrevivi pra contar..
Boa tarde senhora ....
E assim chegamos ao fim de mais uma boa trilha ....
A partir daí, faríamos o caminho de volta por cerca de 50km de estrada de terra, e alguns trechos de asfalto. Foi num dos trechos de asfalto, em velocidade máxima (50km/h !), que minha moto apagou completamente... morreu e não ligou mais. Começamos e verificar, e logo vimos a causa: A porca que fixa o magneto se soltou, a chaveta soltou do eixo e "grudou" em um dos imãs, tirando o motor do ponto. Montamos tudo de volta, mas a DT não deu mais sinal de vida. Felizmente tínhamos uma corda, e fomos voltando pelo caminho até encontrar uma oficina de motos no meio da roça...
Realmente a bobina não dava sinais de vida... ele tinha lá uma boa sucata com peças de DT, mas as bobinas originais da Yamaha não encaixam na mesa da Magnetron. Não teve jeito... continuamos a volta de reboque. Tínhamos que correr, pois o dia estava acabando e ainda tinha um bom caminho pela frente, com lama, buracos e muita subida (afinal descemos 400 metros na trilha da cachoeira, e tínhamos que subir tudo de volta). Pra completar o dia, começou a chover... levei meu primeiro tombo, e a DT que me puxava perdeu a corrente.... depois que recolocamos a corrente, a primeira marcha não engatava mais.
Ótima situação ... no escuro, chovendo, duas pessoas em duas motos, onde só uma funciona, e só engata a segunda marcha, numa subida muito íngreme. Nem tudo estava perdido ... eu tinha uma lanterna de led na mochila... e foi assim que seguimos os últimos 30km... com a luz de 1 led !
5 tombos e 2 horas depois chegamos em casa... as motos podres, eu com o joelho inchado e outros hematomas, lama até no ouvido...
Mas sempre vale a pena... se as motos funcionassem eu faria tudo de novo no dia seguinte ....
ps: A DT "reboque" já está boa... era só o pedal do cambio empenado, mas naquela situação não dava pra pensar em nada.... As bobinas e a chaveta da outra DT já estão encaminhadas .....