[size=18pt]O primeiro brasileiro a correr na Ilha de Man (parte 1)[/size]
Não há desafio maior sobre o asfalto neste planeta: 60,7 quilômetros, mais de 300 curvas, média horária de 205 km/h – com picos de quase 350 km/h. Pulos, cumes, mergulhos, total inexistência de áreas de escape. A Ilha de Man é uma amostra insular do inferno, que emergiu entre a Grã Bretanha e a Irlanda.
Nenhum brasileiro competiu nesta prova até hoje. Rafael Paschoalin é o nome do cara que vai mudar a história do nosso motociclismo em 2012, a bordo de uma Triumph Daytona 675. Conheço o cabra há alguns anos, e digo que dificilmente haveria algum piloto mais qualificado que ele para esta competição. Aqui, vocês conhecerão alguns detalhes de sua participação.
Isle Of Man TT 2009 Steve Plater Onboard video part 1 of 2
Isto é a Ilha de Man. Vídeo não recomendado para epilépticos, cardíacos e afins.
TT Isle Of Man - Brazilian Team
Primeiro vídeo de divulgação do projeto de Paschoalin. Mais material deve pintar em breve.
Começando do começo, fala um pouco do princípio de sua carreira, no kartismo.
Eu nasci com a competição no sangue. Meu pai (Vail Paschoalin) era piloto de motovelocidade, e me deu a primeira moto quando eu tinha 7 anos. Um ano depois, eu dirigia carros sozinho… e aos 12 ganhei o meu primeiro kart. Nessa época meu pai já tinha uma equipe, e eu me tornei um dos principais pilotos dele. Infelizmente e ao contrário do que muita gente pensa, o kartismo de ponta tem um custo astronômico, então passado algum tempo, não consegui dar prosseguimento à carreira, pois estava pesando demais no orçamento da família. E aí, encerramos a empreitada.
Passado alguns anos, você deu mais atenção para as motos. E daí rolou um efeito avalanche.
Pois é. Aos 17 anos comecei a andar ainda mais de moto, e ingressei na revista Motociclismo (n.e.: coincidentemente, onde ele trabalha hoje). Em 2003, participei pela primeira vez do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade, na categoria 250, e terminei em terceiro. No mesmo ano corri de Supermoto, na categoria SM3, e fui campeão. No ano seguinte migrei de vez para o Supermoto e ganhei a categoria SM1. Passei os anos seguintes nela, até 2008, quando fui Campeão Brasileiro da classe SM2. Em 2009 voltei para a motovelocidade, e ganhei as 500 Milhas de Interlagos na categoria Geral. No ano passado fui piloto do Racing Festival na categoria 600cc, mas estava magro de recursos e tocando muita coisa ao mesmo tempo, na vida pessoal e profissional. Deu pra fazer algumas corridas boas, mas não participei de outras e terminei a temporada em nono…
Rafael, no Fiat Racing Festival de 2010
Agora, falando sobre o que interessa no post: a Ilha de Man (International Isle of Man TT, Tourist Trophy). Como e quando você decidiu ser o primeiro brasileiro a competir lá?
Conheci o TT faz alguns anos, vendo vídeos na internet, e mostrei a idéia para o meu “padrinho” e principal patrocinador, o Ricardo Cimatti. Esse cara me ajuda muito, sempre, e comprou uma Triumph Daytona 675 para desenvolvermos o projeto de correr nessa prova. Na verdade, eu sempre gostei de corridas inéditas e ousadas, e por isso também estou montando o Celta para o Pikes Peak (vocês já viram essa história por aqui). O TT é mais um destes sonhos.
Você tem alguma motivação especial para estas competições?
Não tenho uma história florida para contar a respeito disso. Simplesmente quero fazer, superar e voltar vivo. Gosto dessas coisas diferentes, da preparação, da logística. É isso que me faz feliz. Algumas pessoas não entendem isso, já eu, não entendo como essas pessoas não entendem isso (risos). Estou sempre pensando, bolando, matutando sobre algum projeto. Apesar dos riscos e do investimento, minha família me dá total apoio… ou na verdade, descobriram que eu não tenho conserto: não consigo ser mais “normal” que isso.
Em 2009, você sofreu um acidente com uma Ducati 848 na pista da DIMEP, durante um teste. Como você lidou com este obstáculo no projeto da Ilha de Man?
A princípio foi muito ruim, porque tínhamos tudo certo para correr uma prova preliminar chamada North West 200, na Irlanda. Não vou inventar desculpas: fui totalmente responsável pelo tombo. Por outro lado, acredito que foi um sinal de que aquela não era a oportunidade, o momento certo para eu realizar o projeto. Isso me fez tirar um pouco o pé das coisas e esperar pelo momento certo, que eu acredito ser agora!
E quem está te ajudando nessa empreitada?
Tenho grandes amigos que estão apoiando o projeto com recursos financeiros e materiais, e estamos terminando de montar o material de divulgação para enviar aos patrocinadores de maior porte. Temos um bom retorno de mídia, que é o ponto essencial para alavancar as coisas.
Paschoalin é um dos pilotos que mais domina a técnica de Trail Braking (frenagem em derrapagem controlada) sobre duas rodas no país…
E a sua equipe?
Conto com o apoio e patrocínio do Centro Técnico de Motocicletas, uma oficina da Zona Norte de São Paulo. Estão todos muito entusiasmados com a idéia, e eu acredito que esse é o principal fator para as coisas darem certo. A vantagem de tentar algo tão difícil e inusitado é justamente a enorme torcida para que as coisas funcionem. É um desafio que alimenta a nossa determinação.
Fala um pouco sobre a Triumph Daytona 675, a moto que você vai usar.
Ela é uma Supersport excelente, que tem como principal característica o torque em baixa e média. Seu motor é um tricilíndrico, e por isso, pode contar com cilindrada a mais e andar junto com as outras 600cc. Ah, vale dizer que esta foi uma escolha independente, sem apoio da fábrica ou do importador.
[Fonte Jalopnik - www.jalopnik.com.br]