[size=14pt]O primeiro brasileiro a correr na Ilha de Man (parte 2)[/size]

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Na primeira parte da entrevista, vocês conheceram um pouco da carreira de Rafael Paschoalin, piloto que será o brasileiro brasileiro a disputar o Tourist Trophy da Ilha de Man. Agora, é hora de conhecermos um lado mais graxeiro do projeto.

Ah, sim. A foto acima não é exibicionismo (note a frente em contra-esterço): é a forma como o Rafa entra no “S” do Senna. Ele usa e abusa do trail braking para apontar o nariz da moto para o ponto de tangência, principalmente nas freadas mais fortes. Tem um outro cara que faz isso muito bem, chamado Alexandre Barros…

Há diferenças de acerto entre uma regulagem para autódromo e para a Ilha de Man?
Boa pergunta. Os treinos ainda não começaram para valer, e teremos que descobrir todas as diferenças ao longo dos próximos meses. Para ajudar, o Autódromo de Interlagos fica fechado por muito tempo (thanks F1), e Londrina passa atualmente por um recapeamento. É um pouco complicado. Às vezes a ficha cai, estamos no Brasil: seria mais fácil eu me tornar um jogador de futebol (nota do editor: via de regra, pilotos são péssimos jogadores de futebol. Não acreditem nessa!). Voltando a falar sobre a moto, na Ilha o traçado é extremamente longo. São 60,7 km e 256 curvas por volta, a maioria de alta. Por isso, o principal é ter uma moto rápida de reta (as motos de 1000 cilindradas andam em média de 210 km/h, com picos de 340 km/h!), e segura para os saltos e oscilações, sem reações muito histéricas. O motor sofre bastante, é extremamente importante aumentar a capacidade do radiador e também proteger bem essa peça essencial.

E como fica a questão do combustível? Possui exatamente as mesmas especificações que temos aqui?
Não, e essa é mais uma dificuldade. Claro que a moto possui um sistema de injeção que pode ser manipulado, mas temos que avaliar tudo isso, para chegar lá com tudo o mais pronto possível. É mais um fator que irá devorar um tempo que não temos, já que levamos a nossa vida “normal”, com dia-a-dia, contas para pagar… Por outro lado, temos a opção de alugar uma moto lá, algo mais barato e mais fácil. Talvez mais seguro também. Mas estamos com vontade de fazer tudo com as próprias mãos, para que no final das contas, a recompensa espiritual seja ainda maior.

Agora, sobre pilotagem: como é possível “treinar” para um percurso tão longo e com trechos tão velozes? É possível memorizá-lo, ou ao menos, adotar referências dos trechos críticos?
Além dos treinos em autódromo, tenho que andar um pouco nas estradas brasileiras, desenvolver um percurso com a mesma distância e ver o quão difícil vai ser a memorização de tudo. Acredito que a melhor estratégia é decorar os pontos críticos, como: “nessa curva eu morro”, “nessa eu fico só paraplégico”, “ahh, essa tudo bem, devo quebrar apenas as duas pernas”! Brincadeiras à parte, acredito que esse é o ponto chave para voltar vivo. Tenho que enfrentar uma prova com mais ou menos uma hora de duração, andando a mais de 200 km/h entre muros, postes e pessoas, qualquer erro pode custar muito caro. É preciso ter noção do risco de morte iminente, não é como correr em um autódromo, cheio de áreas de escape.

The Spectacular T.T. (Crashes)(2of 4) IOM. TT (Isle of Man) Motorcycle Road Race

Do que você viu até agora, existe algum (ou alguns) trechos, condições ou situações que te preocupam?
Sim, todos! Assisto sempre um DVD que tenho de 2009. Tento decorar com a volta onboard parte do circuito. Esse vídeo acima também é bem interessante para mostrar o quão difícil é essa prova. E acreditem: o cara que cai no penhasco está vivo e deverá competir no ano que vem!

Entre hoje e até pouco antes de junho de 2012, quais são os passos que você e sua equipe darão, em termos de preparação, logística e afazeres?
Estamos na fase dos treinos. Estou praticando Motocross, que dá um bom condicionamento e pode ser feito sempre e tem um custo baixíssimo. Além disso, vamos começar com os treinos em pista, depois colocaremos em prática a estrada e no ano que vem, antes da ilha, temos que passar pela North West, que tem como principal agravante o modo “race” (disputa com outras motos) ao invés do modo “time trial” (tempo cronometrado) adotado no TT. No ano que vem pretendo visitar o local da prova antes, alugar uma bike de estrada e pedalar muito, para tentar memorizar um pouco mais as 256 curvas.

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fonte: jalopnik.com.br.