Motos Trail: Bros, XTZ, CRZ e Fly

Pensa em comprar uma trail? Veja nosso comparativo

Quarta, 23 de maio de 2012


Se o mercado das naked e das pequenas 150 anda bem concorrido, o mesmo não se pode dizer desse volumoso segmento trail de 125/150 cilindradas. Sem novidades há muito tempo, a Honda Bros vem se destacando, principalmente com o lançamento da versão bicombustível. A Yamaha XTZ 125 não vê mudanças há anos, passando por um leve face-lift em 2010. A Kasinski apresentou a CRZ na versão tradicional e SM, mas a política comercial tímida e um produto ainda a ser melhorado não colabora, assim como a Traxx e a sua ultrapassada Fly. Nenhum desses modelos é relevante, mas Honda e Yamaha se destacam pela qualidade do projeto, apesar das motos serem bem básicas.
Quem sabe a Dafra não desperta para esse segmento em breve e apresenta alguma coisa? Culpa da falta de novidades é o fato do brasileiro optar por modelos city (como CG e YBR) mesmo para andar no sertão, na areia, etc, tendo como justificativa a menor altura em relação ao solo e peças mais baratas.
Enquanto isso, vamos conhecer as protagonistas desse segmento.
Honda NXR 150 Bros ESD


A Honda Bros é a líder do segmento graças ao seu conjunto totalmente adequado para o brasileiro. Em relação à sua antecessora, a XLR 125, a Bros se tornou muito mais urbana e voltada para o asfalto. A Honda deixou o aro de 21″ de lado e colocou um de 19″ no lugar. Um banco mais baixo, largo e confortável foi colocado no lugar do anterior, estreito e alto. Tais mudanças agradaram em cheio o brasileiro, que possui estatura média mais adequada para a nova altura da moto.
Ou seja, sua vocação off-road ficou em segundo plano, enquanto o conforto e a facilidade de condução aumentaram na mesma proporção. Na prática, o motor de 150 cilindradas, bicombustível é extremamente suave, dócil e garante o melhor desempenho entre as concorrentes. Apesar dessa qualidade, não espere entusiasmar-se ou pegar uma trilha, pois a Bros ultrapassa com dificuldade os 110 km/h e o torque não é lá um dos seus pontos fortes. Com uma posição de pilotagem bem confortável e suspensões firmes e voltadas para o asfalto, além de um chassi bem acertado, a Bros proporciona bastante prazer ao pilotar. Vendida em três versões, a KS ainda possui a arcaica partida a pedal e freios a tambor. Itens que infelizmente a Honda tem que trabalhar para não perder mercado diante das rivais, que acreditamos ser extremamente inadequados para uma moto que custa R$ 8.780,00. A versão ESD (freio a disco e partida elétrica) é a mais acertada, apesar da simplicidade total da moto. Contudo, o preço é o mesmo que o de uma 250/300 seminova.
Básica (até demais) e cara, a Honda Bros é a mais agradável de pilotar, mas perde em robustez e desempenho para a XTZ na terra. Mas isso não parece ser um problema para o mercado. Ela é a moto mais comercializada dos quatro modelos comparados. Até o fechamento do mês de abril foram vendidas 71.629 unidades.
Yamaha XTZ 125 E

A Yamaha poderia ser a mais vendida da categoria, pois tem muitas qualidades para isso. Contudo, assim como na Yamaha YBR em relação à CG, alguns itens incomodam. O motor de 125 cilindradas foi perdendo potência ao longo do tempo devido à norma do Promot que tornou a restrição a poluentes mais pesada. Enquanto todas as marcas ganharam cilindrada e tecnologia, como injeção eletrônica, a Yamaha persistiu no mesmo motor e carburador. Resultado? Apenas 10 cv, que tornam o deslocamento bastante moroso e lento. A Bros já não é boa, a XT então… Com garupa, aja embreagem para sair em uma subida, por exemplo.
Além disso, o câmbio carece do mesmo mal. Engates duros e imprecisos, mesmo com a melhoria feita nos últimos anos.

Fora isso, a XTZ é só alegria. Com um apelo bem off-road, possui um chassi muito estável e dimensões bem reduzidas, sendo ótima para o deslocamento urbano. O aro dianteiro de 21″ traz uma condução mais segura na terra, enquanto o banco estreito ajuda na esportividade. Tudo isso tem um preço no conforto.
A Yamaha foi muito mais coerente e trouxe todas as versões com freio dianteiro a disco de ótima capacidade. Contudo, existe a versão K (partida a pedal) e a E (partida elétrica). Além disso, existe a versão X, com rodas de 17″e um apelo mais esportivo.
Bem atrás da Honda segue o modelo da Yamaha na conquista pelo mercado brasileiro. Nos primeiros quatro meses deste ano foram vendidas 5.215 unidades e podem ser encontradas nas concessionárias por R$ 8.200,00.
Kasinski CRZ 150

A Kasinski CRZ tem uma atuação bem tímida no mercado. Também dotada de uma versão SM (supermotard) como a Yamaha XTZ, a CRZ possui um conjunto mais parecido com a Yamaha do que com a Honda. Roda de 21″ na dianteira, conjunto esguio e banco estreito e alto demonstram a vocação mais off-road desse produto. O motor de 150 cilindradas carburado possui uma potência de 13 cv, mas não é tão suave e sem vibrações como o da Honda e o da Yamaha. Além disso, o desempenho é similar ao da Yamaha, apesar do motor funcionar um pouco mais irregular. O câmbio também poderia ser mais fácil de engatar.
Em relação às rivais, a CRZ 150 se destaca pelo número superior de equipamentos, como freio a disco traseiro, acabamento bicolor nos componentes, suspensão traseira com link, guidão de alumínio, tanque de combustível de plástico, bagageiro, painel com conta-giros, etc.

De qualquer maneira os inúmeros diferenciais mostram pouca valia na prática, pois os pneus adotados Ching Shen são muito duros e não transmitem confiança, principalmente no terreno molhado. Na terra, os pneus mais off-road ajudam no desempenho, assim como o sistema de freios a disco nas duas rodas. As suspensões já não são tão progressivas como as da Honda e Yamaha.
O preço de R$ 6.690,00 é muito similar ao das já consagradas marcas japonesas, tornando o mercado para a Kasinski bem difícil. O preço deveria baixar. Mesmo assim, até o final do mês de abril foram comercializadas 1.026 unidades.
Traxx Fly 135

Lançada ainda como versão 125 há anos atrás, a Traxx Fly é a estranha no ninho, principalmente na região sudeste onde a marca tem pouca atuação. O seu visual é bem clássico e ultrapassado, mas as cores e os grafismos dão um ar mais jovial e leve para o modelo. A grande sacada da marca é você optar pelo conjunto street (rodas de 19″e 17″, na dianteira e traseira respectivamente) ou off-road (21″ e 18″, na dianteira e traseira respectivamente) de acordo com a condição de uso que o cliente fará com a moto. O conjunto street sai R$ 100 mais caro.

Assim como a Kasinski CRZ, a Traxx vem bem recheada de equipamentos. Freios a disco nas duas rodas, bagageiro, suspensão traseira com links compõe essa motocicleta de Fortaleza. Não tivemos nenhum tipo de avaliação dinâmica com este modelo para poder expressar a nossa opinião.
Pertencente a China South Industries Group, o modelo da Traxx ainda engatinha no concorrente mercado das trail de baixa cilindrada. Dá para dizer que a moto é quase que uma exclusividade para seus proprietários. De janeiro a abril deste ano foram vendidas somente 162 unidades. Valores de mercado: modelo Off R$ 5.499,00 e On-road R$ 5.599,00.