MotosTeste: Honda CBR 500R - Esportiva para iniciantes
20/02/2014 16:47 - Fotos: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias e Caio Mattos/Honda (em movimento)Envie por email
Honda CBR 500R, segundo modelo da linha 500, tem visual agressivo e desempenho tranquilo e suave
por Eduardo Rocha
Auto Press
Ao apresentar sua nova CBR 500R, a Honda fez o que sempre faz: traçou uma trajetória e seguiu à risca. O objetivo da marca com a linha de 500 cc é estimular o mercado de motocicletas de alta cilidrada no Brasil, segmento que reúne, segundo a associação de fabricantes Abraciclo, todos os modelos acima de 450 cc e que atualmente vende em torno de 20 mil unidades por ano. No caso da versão 500R, a ideia é que seja a porta de entrada para as motos esportivas de faixa superior do mercado. Exatamente a mesma função da CB 500F – com quem divide motor, suspensão e chassi – em relação às naked. Para isso, se apoia em três características básicas: preço atraente, visual de superesportiva e um comportamento dinâmico que exige pouco de quem pilota.
O modelo chega aos 2 mil pontos de venda da marca no país por R$ 23 mil na configuração básica e R$ 24.500 na equipada com ABS. Esse valor deixa a moto em um ponto intermediário na progressão entre os segmentos do mercado. Ela fica 50% mais cara que a massa dos modelos médios – em geral, de 250 ou 300 cc, que custam em torno de R$ 15 mil – e oferece o dobro da potência – a CBR 500R tem 50,4 cv. E serve de “escada” para o degrau seguinte, onde estão as esportivas de 600 ou 650 cc, que têm preços médios 50% mais altos e potência dobrada – custam perto de R$ 35 mil e têm cerca de 100 cv.
O segundo ponto de atração é a estética. O visual é propositadamente inspirado na superesportiva mais forte da marca, a CBR 1000RR. Desde os faróis duplos até o desenho da carenagem em duas camadas. Basicamente, é nessa roupagem que a 500R se diferencia da 500F. Até mesmo o escape se manteve, em nome da economia de escala. Mas há ainda uma diferença importante, que é a troca do guidão inteiriço da 500F por dois semiguidões presos diretamente nas bengalas da suspensão dianteira.
A condução mais esportiva, no entanto, pouco tem a ver com as capacidades mecânicas da 500R. Como qualquer veículo com uma relação peso/potência inferior a 4 kg/cv, o novo modelo da Honda acelera bem e retoma com competência. Mas a principal caraterística da motocicleta é cumprir uma função “didática” de iniciação do motociclista entre os modelos de maior cilindrada. Tanto que o potencial de ampliação de consumidores que a marca japonesa enxerga nesse nicho de entrada para a faixa superior do mercado gira em torno de 1 milhão de pessoas – incluídos aí todos os consumidores de modelos médios dos últimos cinco anos. Com a linha 500, que será completada este ano com a trail 500X, a Honda espera chegar em 30 mil unidades anuais até 2016, o que significaria 50% do mercado de alta cilindrada até lá. Dessas, 6 mil unidades anuais seriam da 500R.
Primeiras impressões
Muita calma nessa hora
Mogi-Guaçu/SP – Para a imagem que a Honda está querendo formar para a CBR 500R, o Autódromo Velo Cittá, no interior de São Paulo, é bem adequado. Mas para o verdadeiro espírito do modelo, é um pouco exagerado. A versão esportiva da linha de 500 cc da marca japonesa não traz nenhuma mudança mecânica em relação à 500F, que a princípio é uma versão urbana. A alteração mais importante é na posição de pilotagem, proporcionada pelos semiguidões instalados diretamente nos telescópicos dianteiros. Isso faz com que o piloto fique mais inclinado para a frente, o que redistribui o peso, com maior carga na dianteira, e induz a uma “tocada” mais forte. Ainda assim, o reposicionamento não chega a ser forçado, como acontece nas esportivas. O resultado é que o modelo é confortável e cansa pouco o condutor.
A potência máxima do propulsor de 471 cc e 50,4 cv aparece a 8.500 giros – relativamente cedo para uma esportiva. Isso porque, de fato, a agressividade do modelo está mais presente no visual. Essas linhas, muito bem desenhadas, vão alimentar o desejo “aspiracional” por um modelo esportivo, sem colocar em grande risco os consumidores oriundos de modelos médios, com potência bem inferior. Na dinâmica, a CBR 500R é uma moto obediente, equilibrada, suave e de reações bastante previsíveis. Uma verdadeira escola para quem pretende ingressar nos segmentos de cilindradas maiores. E, como sempre ocorre em situações de transição, é melhor fazer tudo com bastante calma.
Ficha TécnicaHonda CBR 500RMotor: A gasolina, quatro tempos, dois cilindros, quatro válvulas por cilindro, 471 cm³, duplo comando no cabeçote e arrefecimento líquido. Injeção eletrônica.
Câmbio: Manual de seis marchas com transmissão por corrente.
Potência máxima: 50,4 cv a 8.500 rpm.
Torque máximo: 4,5 kgfm a 7 mil rpm
Diâmetro e curso: 67,0 mm x 66,8 mm.
Taxa de compressão: 10,7:1.
Suspensão: Dianteira com garfo invertido telescópico com 120 mm de curso e traseira com braço oscilante Pró Link e 119 mm de curso.
Pneus: 120/70 R17 na frente e 190/50 R17 atrás.
Freios: Disco de 320 mm na frente e disco de 240 mm atrás. Não oferece ABS.
Dimensões: 2,07 metros de comprimento total, 0,78 m de largura, 1,41 m de distância entre-eixos e 0,78 m de altura do assento.
Peso seco: 181 kg (183 kg com ABS).
Tanque do combustível: 15,7 litros.
Produção: Manaus, Brasil.
Lançamento: 2014.
Preço: R$ 23 mil e R$ 24.500 com freios ABS.