Quase uma irmã gêmea da Z800, a Z300 é um apelo irresistível aos admiradores das nakeds esportivas. Ela veio acompanhada da gêmea Z250, que será restrita ao mercado asiático. Se uma das duas vier para o Brasil, certamente será a Z300, pois a “Ninjinha” - como foi carinhosamente apelidada - já fez fama no mercado das verdadeiras esportivas de baixa cilindrada e os seus 39cv são bem convincentes para “puxar” o interesse dos jovens motociclistas brasileiros para ela.
CONCEITO
Copiando o estilo de design das irmãs maiores Z800 e Z1000, a Z300 tem o característico visual da linha Z da Kawasaki. Os traços de “supernaked” sugerem músculos com a força dos quase 40cv que nascem no motor, assegurando destaque para a pequena naked no meio da multidão. É evidente o alto nível de acabamento e o cuidado nos detalhes com a Z300. A vantagem desta pequena naked esportiva é que seu motor não foi amansado em relação à superesportiva da qual deriva, como sempre acontece com as nakeds maiores. Ou seja, a Z300 é uma Ninja 300 sem carenagem. Mesma mecânica e desempenho, apenas nua e crua como a Ninjinha é por dentro.
Falar da ciclística e motor da Z300 é revisitar as páginas da descrição técnica da Ninja. O quadro desenvolvido nas pistas de competição e o moderno motor de 296cc com dois cilindros paralelos e refrigeração líquida, oferecem desempenho e estabilidade capazes de colocar um sorriso no rosto de qualquer jovem piloto. A posição de pilotagem mais relaxada, com guidom mais largo, melhora o controle, facilitando a vida do feliz proprietário no trânsito urbano. Tanto em visual como em desempenho, a Z300 está pronta para ser o destaque da festa.
Algumas características de design se sobressaem na Z300: o farol é compacto, no estilo daquele da Z800; guidom no estilo fat-bat (não tão “fat”) - o fat-bar é um guidom com diâmetro assimétrico, muito utilizado no off-road e que está virando item obrigatório nas nakeds mais esportivas, tem a parte central com maior diâmetro (mais gordo, por isso o nome “fat”, do inglês), onde encaixa na mesa, e vai “afinando” conforme chega nas extremidades, com isso ele tem mais resistência sem perder a leveza - ele é acoplado à mesa pelo mesmo tipo de suporte utilizado na Z800; as formas do corpo da Z300 são musculosas e transmitem, visualmente, muita robustez; a rabeta é curta e afilada, acentuando a esportividade do modelo.
A performance de Ninja é a melhor herança da Z300: motor bicilíndrico em linha; sistema de dupla borboleta no corpo de aceleração; torque e potência em qualquer rpm; aceleração forte; e tecnologias vindas das competições. Entre elas destacam-se a embreagem esportiva de ação suave com função de limitar o contra-torque (freio motor) nas desacelerações para evitar o travamento da roda traseira (simplificando: embreagem deslizante); quadro com elevada estabilidade, capaz de absorver totalmente qualquer esforço dinâmico (torção) que o motor possa gerar; as rodas são iguais às da Ninja 300 e a traseira é vestida com pneu de 140mm, oferecendo aderência e estabilidade esportiva; ciclística de alta sensibilidade com baixa vibração e excelente dissipação de calor; e disponibilidade de sistema de freios com ABS, opcionalmente.
DESIGN
Uma das características da série Z da Kawasaki é manter o visual das nakeds com a “musculatura” concentrada na frente da moto e a traseira compacta e curta. Isso acentua o perfil agressivo, deixando a moto mais atlética e saudável aos nossos olhos. Numa olhada rápida, a impressão que temos é de que a Z300 é uma 600cc. Pela aparência ela já diz que não é uma qualquer. Os retrovisores têm design poligonal (com vários lados), num estilo mais “edge” ou “sharp” e oferecem boa amplitude de visão para trás.
Pelas informações divulgadas pela Kawasaki sobre o farol, não fica bem claro se ele é o mesmo da Z800 ou é um clone em escala menor. Porém utiliza as mesmas funções e características, bem como o pequeno escudo defletor sobre a caixa do farol. Seu formato compacto é um importante elemento de design para definir a Z300, como define, uma inegável naked “Z” da Kawasaki. Os sinalizadores (piscas) também foram copiados da Z800 e utilizam lentes de alta transparência, reforçando o cuidado que a Kawa teve com todos os detalhes e a qualidade da Z300.
Para ressaltar o aspecto agressivo, o tanque é duplamente vincado na parte superior, criando relevos que nascem na base anterior e se prolongam à frente, criando um ombro musculoso sobre ele. Isso ajuda a diferenciar a Z300 entre a maioria das nakeds de baixa cilindrada do mercado. A capacidade é de 17 litros, o que lhe dá autonomia equivalente aos modelos de maior cilindrada. Combinando com as linhas do tanque, a rabeta flui para a lanterna traseira multifacetada, sob a qual se encaixa o suporte da placa, com luz dedicada, mantendo o padrão da série Z.
O motor toma uma grande área visual numa moto naked, então o seu desenho e acabamento também são elementos fundamentais para compor um conjunto visualmente atraente e agradável. Por isso a Z300 recebeu cuidado especial nas tampas laterais do motor, com os detalhes da série Z e a logomarca da Kawasaki estampada no lado direito. Assim também foi cuidada a capa do pinhão e o protetor da corrente de tração.
O painel de instrumentos é um dos componentes da Z300 que mais se destaca pelo design, passando uma sensação de modernidade, tecnologia e alta qualidade para quem o observa. O tacômetro (conta-giros) analógico, porém eletrônico, toma grande parte do painel com fundo de leitura branco e gráficos em laranja e vermelho. A legibilidade é muito boa e as informações disponíveis incluem: velocímetro, relógio, nível de combustível, dois odômetros parciais mais o principal e um indicador de gasto de combustível que aparece no painel quando a pilotagem favorece o baixo consumo. A iluminação é feita por leds na cor âmbar, que são suaves e permitem boa nitidez para leitura noturna.
O design de uma moto não deixa nunca de ser uma obra de arte. Mas como toda obra de arte, exige grandes mestres e talentos excepcionais para criar conceitos de muita beleza e equilíbrio, que transmitam a sensação de agradabilidade, prazer, curiosidade, contemplação e desejo. No mercado encontramos conceitos decepcionantes, principalmente das marcas menos afortunadas e pouquíssimas obras realmente deslumbrantes.
As grandes marcas recorrem ao uso de vários cérebros para criar um novo conceito e utilizam muitos departamentos para pesquisar, projetar, desenvolver e finalizar; são anos de trabalho árduo até a conclusão. A série Z da Kawasaki é um desses conceitos dignos de elogio. E uma vez definido o conceito, fica muito mais fácil para os projetistas criarem derivações para vários tipos de motorização e uso. A Z300 é um exemplo de design bem planejado e executado, que certamente coroará a arquitetura da Kawasaki com mais um sucesso.
CICLÍSTICA
O quadro da Z300 é o mesmo da Ninja, formado por tubos de aço em configuração “diamante”, com alta dureza e resistência. Os tubos principais, direito e esquerdo, são feitos com aço de altíssima rigidez e junto com os reforços estruturais permitem alta resistência às torções longitudinais. Eles têm uma suave curva abaixo do tanque que ajuda a otimizar o equilíbrio do quadro. A ancoragem que recebe a parte superior frontal do motor é dotada de coxins de borracha para absorver boa parte das vibrações sem repassá-las ao quadro. A balança traseira tem perfil retangular e a distância entre-eixos pode variar de acordo com o tamanho da coroa adotada para comercialização em cada país.
As bengalas dianteiras têm tubos telescópicos de 37mm de diâmetro, balanceados para obter boa rigidez para pilotagem esportiva e conforto para as onduladas ruas das cidades, tendo
ação inicial mais suave e rigidez progressiva. Na traseira a suspensão é a consagrada Uni-Trak da própria Kawasaki, eficiente na maioria das condições de pisos e velocidades, mantendo calibração similar à suspensão dianteira, com conforto na cidade e estabilidade nas curvas.
Possui 5 níveis de ajustes na pré-carga da mola, selecionáveis com a ferramenta disponível no kit que acompanha a moto.
Os freios da Z300 contam com um largo disco de ø290mm acionado por um cáliper de dois pistões na dianteira, enquanto que atrás está um disco de ø220mm com pinça simples. Ambos os discos têm recorte em formato de pétala para melhor dissipar o calor gerado nas frenagens. As pastilhas são de resina com características de boa durabilidade e excelente sensiblidade para o controle no acionamento dos freios. Está disponível a versão equipada com freios
ABS da Nissin (miojo? huehuehue) (para o modelo ER300B), cuja unidade eletrônica é a mais compacta e leve disponível atualmente no mercado, o suficiente para ela caber sob o tanque da moto.
O conjunto de rodas também é o mesmo da Ninja, feitos de liga-leve com 10 raios e medidas 17x2,75 polegadas na frente e 17x4 polegadas atrás. Os pneus que calçam a Z300 foram desenvolvidos em conjunto com o fabricante de pneus especificamente para esta moto, com perfil baixo, esportivo, tipo diagonal (não radial).
Uma das coisas que diferencia a ciclística da Z300 para a Ninja 300 é a ausência dos semi-guidões, na Z300 é utilizado um guidom, que é mais largo e deixa a posição de pilotagem mais elevada, confortável, com mais flexibilidade e agilidade para uso urbano. Isso faz a Z300 ser mais apropriada para o dia-a-dia no trânsito pesado do que a Ninja 300. Além disso, em posição mais relaxada e natural na Z300, o trajeto fica menos cansativo, seja ele na cidade ou na estrada, com ou sem garupa.
Outra contribuição relacionada com o guidom é a altura do assento (com revestimento anti-derrapante) , que está a apenas 785mm (78,5cm), facilitando o acesso de pilotos com qualquer estatura e permitindo apoiar os dois pés no chão quando necessário. O assento também é estreito na parte mais próxima ao tanque, ajudando nas manobras para estacionar.
As pedaleiras são de alumínio mas não contam com revestimento de borracha, em compensação oferecem mais sensibilidade ao piloto. Já o garupa "conta com a ausência" de ter onde se sustentar firme com as mãos, embora tenha um par de encaixe para as mãos, entre as suas pernas e o assento do piloto, que ajuda na hora das acelerações, mas deixam o passageiro sem sustentação nas frenagens mais fortes. Para conhecimento, o
peso total da moto é de 168kg (170kg com ABS), com tanque cheio.
MOTOR
O motor da Ninja 300 veio parar na Z300 sem ser mexido para menos, como sempre acontece com as nakeds maiores. Este motor deu boa fama à Ninja. Com boas respostas de torque em baixas e médias rotações, ele se torna agressivo em alta, com boa aceleração e velocidade final (se for igual à da Ninja, vai ficar lá pelos 180km/h). Porém cobra um consumo alto para quem pilota mais forte, ele “bebe” igual a uma moto maior se quiser tirar o melhor. Portanto, empolgação dói no bolso: fato. Embora que, deixar as outras nakeds de 300cc e 250cc comendo poeira ou cheias de inveja, faça parte da brincadeira - claro que com responsabilidade e de forma civilizada, sem cometer irregularidades ou burrices no trânsito.
Os pistões têm a cabeça revestida com alumite endurecido até na altura do anel superior, são bem leves, com a “mini-saia” curta e lisa. Sob o pistom existem várias furos que borrifam o óleo lubrificante na parte interna e um canal na borda distribui o fluxo por toda parte inferior, otimizando a lubrificação e a durabilidade. O berço do eixo do pistom é reforçado para reduzir o risco de ruptura.
Os cilindros não têm encamisamento, são fundidos e chapeados em liga de alumínio, com ampla área para circulação do fluido de refrigeração, o que reduz a massa do bloco.
A taxa de compressão é cuidadosa e ficou em 10,6:1, um valor que não é alto e ajuda a evitar o excesso de calor das altas compressões, que invariavelmente comprometem a durabilidade do motor.
A defasagem de 180º entre os pistões deixa o motor com vontade de gritar, de estar subindo de giro e ficar por lá.
Para passar a cilindrada de 250cc para 300cc a Kawasaki manteve o diâmetro dos cilindros e alterou curso dos pistões, que favorece a obtenção de mais torque e também minimiza os custos de produção, já que ela mantém o motor de 250cc para a Ásia e pode compartilhar muitas peças entre ambos. (informação importantíssima! manutenção facilitada) Mesmo assim foi mantido o regime máximo de rotações e houve bom ganho de força nas rotações intermediárias. E ainda, além do aumento de torque, a potência máxima ganhou 6cv de incremento, passando dos 33cv na 250cc para 39cv na versão 300cc.
As vibrações são minimizadas pelo eixo balanceador e por coxins de borracha em alguns dos pontos de ancoragem do motor no quadro, resultando em funcionamento suave tanto em marcha lenta como em velocidade de cruzeiro. As válvulas de admissão são generosas, com 23,5mm de diâmetro. O cuidado com a eficiência da lubrificação está estampado na capacidade de 2,4 litros de óleo que o cárter do motor pede a cada troca, quando feita juntamente com o filtro do tipo cartucho (daquele que fica dentro do motor).
A maioria dos motores modernos está usando duas borboletas para otimizar a carburação feita pela injeção eletrônica - antes que alguém reclame do termo carburação: a mistura do ar com o combustível para produção do composto inflamável se chama carburação e foi isto que deu nome ao engenho chamado de carburador, não o contrário. O resquício do carburador ainda permanece na forma do corpo de aceleração (as borboletas também são acionadas pelo cabo do acelerador), onde estão as válvulas (borboletas) que controlam o fluxo de ar da mistura.
Esse motor de 300cc utiliza esse sistema de duas válvulas no corpo duplo de aceleração, como resultado, a maior eficiência promove partida mais fácil, funcionamento linear, menor consumo e melhor desempenho. As borboletas primárias têm 32mm de diâmetro e as secundárias 40,2mm, com maior capacidade de “respiração” para o motor manter altas rotações. Os injetores são compactos e leves, têm furos de apenas 60µm (0,0006cm) e fazem mais que vaporização, a esse nível costuma-se chamar atomização.
A embreagem faz seu show à parte com o sistema auto assistido e deslizante, uma tecnologia utilizada nas motos superesportivas e nas premium, oriunda das pistas de motovelocidade. A função é simplesmente evitar o travamento da roda traseira nas desacelerações ou reduções (de propósito ou por erro), quando o torque é “invertido” devido ao corte de combustível. O sistema também melhora a eficiência da embreagem deixando a operação mais leve no manete, além de fazer o acoplamento mais rápido e mais forte, agilizando a “pegada” do motor.
As engrenagens das marchas também foram melhoradas e reforçadas, especialmente a última marcha. A 1ª marcha foi encurtada e a 6ª foi alongada, a coroa passou para 42 dentes. A reformulação do conjunto consegue tirar mais do motor com equilíbrio e versatilidade. Finalizando, o sistema de refrigeração utiliza um novo sistema de direcionamento do fluxo de ar “puxado” pela ventoinha do radiador, jogando o ar quente para baixo e evitando que o calor fique cozinhando as pernas e as partes baixas do piloto, especialmente no caótico trânsito urbano. Outras melhorias presentes no motor é a corrente de comando com atrito reduzido e o sistema elétrico que gera energia de forma mais silenciosa.
Você sabia?
O efeito de “travamento” da roda traseira causado pela desaceleração, que também é conhecida como freio-motor, tem a mesma intensidade e sentido contrário ao torque que o motor é capaz de fornecer na aceleração ou retomada e é proporcional ao grau de desaceleração na manopla do acelerador. Quanto maior o motor, mais torque ele tem, mais freio motor ele é capaz de gerar. Se exagerar, a roda traseira parece travar, mas na verdade ela está numa rotação muito menor que a roda dianteita.
Torque é a força capaz de girar um eixo, como a força que aplicamos numa chave de fenda para apertar um parafuso - é uma força em forma de alavanca. Por isso que o torque é mais importante do que potência para quem usa a moto, ela serve para acelerações e retomadas, enquanto que potência é mais para velocidade final.
A forma mais utilizada para medir tanto o torque como a potência é aquela que usa o dinamômetro, que pode ser de mesa ou bancada, para aferir somente o motor, ou de rolo, para verificar o resultado na roda traseira da moto, que é mais eficiente pois já dá o resultado considerando as perdas mecânicas e o que realmente estará disponível para o piloto.
Com esses métodos é traçado um gráfico (desenho) do desempenho ao longo das rotações e assim se conhece o comportamento do motor, permitindo que se faça uma análise dos pontos fracos e fortes. É a maneira que as fábricas e as equipes de competição utilizam para desenvolver ou melhorar seus propulsores.
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